Não é exactamente uma novidade que sou uma mulher de peso. Literalmente! O pior... já fui estupidamente magra. Magra, como aquelas pessoas que agora invejo. Magra, e gira!
Porque é que sou assim agora... pelo mesmo motivo que uso o cabelo apanhado, quando toda a gente me diz para não o fazer. Porque passei anos e anos a achar que não importava. Porque adoro comida que engorda. Porque sim. Porque já fiz dieta milhares de vezes. Porque a cada vez acho que é a definitiva, e acabo por perder a vontade ao fim de uns dias. Porque sou fraquinha.
Há uns meses tive uma crise de choro a olhar para umas fotografias. Daquelas crises que, num dia especial, me fez trancar-me no quarto sem querer ver ninguém. E não sou como as outras mulheres. Pensar sequer em ter de comprar roupa é uma tortura. Como é uma tortura o que sei que os outros pensam. Assim como olhar-me ao espelho, e detestar o que vejo.
Precisava... de uma lavagem cerebral. Urgente. De ter, definitivamente, força, para fazer alguma coisa por mim. Nem que fosse para recuperar uma qualquer possibilidade de algum dia vir a ter uma pontinha de amor próprio! E para ser a pessoa saudável que devia ser aos 30 anos. Porque até sou aquela miúda com um sentido de humor apurado. Até sou sensível. Até sou preocupada. Até tenho potencial para algumas coisa, e um ou outro talento. Mas sou gorda.
Ando (mais uma vez), a tentar mudar hábitos. E sei o que me custa. O que me dói. Como dói. O quanto dói. Dói ainda mais a sombra do que fui. E do fracasso...