Não renasci. Nem naquele dia 3, nem nos próximos tempos. Na verdade, não sei se alguma vez voltarei a ser eu, ou apenas pequenos retalhos do que fui um dia. Do que me dei. Do que sorri. Do que sonhei.
Não renasci, porque existem momentos da minha vida por explicar. Enquanto convivo com os olhares de compaixão. Enquanto, por eles, me levanto. Enquanto às vezes engulo o que me apetece ser fraca e pedir. Deixei-me desabar. Deixei-me morrer devagar. Deixem-me permanecer neste meu mundo...
Custa. Levantar os olhos. Não custa admitir que andei dois anos errada. Não custa pedir desculpa pelo que não ouvi. Pelo que não quis ver. Pelo que ignorei. Custa admitir que esta era uma felicidade falsa. Pintada de preto e cinza. Quando eu só via rosa, rosa, rosa...
Foram muitas as evidências. E as esperanças. E eu amei demais. Entreguei-me demais. Chorei demais. Agora preciso. De tempo. De carinho. De paciência. Preciso que me deixei estar em baixo, mesmo quando já pareço recuperada. Preciso que não me sequem as lágrimas. Me deixem chorar. E façam tudo aquilo que têm feito até aqui: estar incondicionalmente do meu lado.
Não renasci. Estou no meu luto. Estou a aprender, desconfiando, a confiar mais. A confiar em quem me quer de facto. Por isso, neste meu novo começo, não há nada para além das palavras, e dos abraços sentidos. Não há controlo, nem nada. Só o que sinto, o que penso, o que sou, o que sofro, o que rio. E a esperança. Alguma esperança de que esta passagem. Uma das minhas piores passagens de sempre. Seja isso mesmo.
Obrigada a quem continua a acreditar que eu sou muito mais forte do que aquilo que sou de facto...