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quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Do ano novo...

Hoje fui obrigada. Assustada. E não custou, nem doeu. Confirmou-se. No meio de duas ou três lágrimas, enquanto me faziam perguntas. Não por mim. Mas pelo que ouvi na sala de espera. Algumas pessoas que querendo ou não têm sido a minha terapia.

Há uns dias entrei em casa da minha irmã, e vi uma tela do meu pai. Com ela. De uma fotografia dos últimos momentos, onde ele deve ter sido feliz. Estava com um sorriso sereno. Hoje, numa conversa banal, a minha outra irmã diz-me que na primeira junta médica que ele foi, que o médio agrafou o relatório técnico. E agrafou. E agrafou. Para ele não ver. Ele não sabia...

Por isso as minhas lágrimas de hoje. Tomei a minha decisão. A maior decisão. Preciso de me arrepender de onde não estive, do que não sei, das histórias que não vivi. De me arrepender e me perdoar a ausência nos meses mais difíceis, quando as minhas irmãs sofreram por elas, e por mim, e eu sofria longe. Como uma avestruz, com a cabeça escondida na areia. As lágrimas de hoje, porque elas têm sabido o que fazer, e como me acompanhar. Sem pressões. Mesmo que tenha a certeza que às vezes lhes apetece abanar-me e dizer que estou errada. As lágrimas de hoje, por um mail que recebi, de uma pessoa que me vive demasiado bem. E me diz, na altura certa, que estou a ser mesquinha, e pequena.

Tomei a decisão. Detesto levantar-me, mas vou ter que o fazer. Dava tudo, para não ter que levar a Helena à escola tão cedo, mas vou fazê-lo. Estou a decorar o meu quarto, de vermelho e preto. Comprei peças desencontradas, porque é assim que me sinto bem, e me identifico. Comprei sapatos de salto alto. Bem alto. Não quero mais usar sapatilhas. Gastei dinheiro comigo. Tenho a casa desarrumada, a roupa desalinhada. Mas estou a tentar não desistir. Quero uma cama nova, e uma poltrona. Falta-me um edredon vermelho vivo. Quero fazer uma pintura na parede. Um desenho. Que implique mudança. A primeira coisa que vou ver ao acordar. Que me dê forças. Amanhã também vou ao ginásio. Não desisti de emagrecer. De chegar aos trinta em beleza. Quero muito emagrecer. E desprender-me desta imagem que detesto há anos, mas que não tenho tido forças para combater. Quero ser mais bonita. Sem ter que me esconder no sentido de humor.

Tomei a decisão. Não aguento esta dor, não quero explicações muito menos perdões de coisas inexplicáveis e imperdoáveis. Quero assumir que não estou bem. Que não sei para onde ir. Mas não quero ouvir nem ler mais nada. Quero afastar-me do que achava ser a minha cura. E não foi mais do que a minha doença nos últimos anos. Tomei uma decisão, e estou mais perdida do que nunca...

2 comentários:

Unknown disse...

Minha querida amiga, se soubesses como estou contente por te "ouvir" dizer que queres cuidar mais de ti, quereres mudar, ir em frente! Estou mto orgulhosa de ti e sei que vais conseguir dar a volta e ficar por cima novamente. Gosto bué de ti, porra! :D

Patríciangélico disse...

Força miúda, que nós estamos sempre aqui...