Não sei definir o momento exacto. Sei que aquele almoço, que se transformou em jantar, que se transformou num fim-de-semana fez toda a diferença. Sei que foste embora, e me fizeste perceber, finalmente, que por pouco tempo que tivesse passado, estava livre. Porque, pela primeira vez, me tinha permitido estar atenta a outras pessoas. A outras presenças. A tua presença. Que em pouco mais de quarenta e oito horas mudou meses e meses de ideias pré-concebidas e erradas a teu respeito.
Não me senti culpada. Porque finalmente, pude ver-te com os meus olhos. Ganhar confiança. E uma cumplicidade que me permitiu estar em paz com as escolhas, ainda que repentinas. Bruscas. Mas afinal. Soubeste fazer-me rir. Encontrar vantagens nas diferenças. Perceber. Que era hora de baixar as armas, e permitir-me ser feliz. Independentemente do resto. Baixar as armas, e perceber que não podia passar a vida a julgar os outros em função de alguém que me tinha ferido de morte. Perceber, naquela noite, que ia ter que respeitar os teus tempos, a tua bondade, e o tamanho do teu coração. Talvez não te tenhas apercebido do ponto de viragem. Quando transformei finalmente o que sentia. Quando te vi fazer o que nunca ninguém tinha feito por mim. E melhor... vi que era sincero. Tão sincero. Que me doeu. A frieza com que te havia tratado nesse dia. A simplicidade com que me olhavas à distância. E me olhaste nos olhos, e falaste com a voz meia embargada. Podias ter virado as costas. Mas ficaste...
Não tive dúvidas. Como não tenho. Da forma com que entraste na minha vida no momento certo. No momento em que precisava de ti. E não lamento. Que tenha sido obrigada a percorrer este caminho, para poder encontrar-te. Porque só nesta altura da minha vida, talvez de forma egoista, seja capaz de te entender, e aceitar o bem que me fazes. Não tenho dúvidas que me fazes feliz, de uma forma tão simples. Com gestos pequenos. Com um cuidado que nunca me lembro. Não tenho dúvidas que cada minuto contigo é melhor. E que quero recordar os momentos todos. Aqueles que temos passado. As caminhadas, de mão dada. As tardes de sofá. As horas intermináveis de conversas. A importância e o respeito que dás a tudo o que digo. Quando somos só nós, depois do caos. Quando a luz se apaga, e me permite ficar a olhar para a calma que me transmites. Quando acordas comigo, e sei que é assim que quero passar o resto das manhãs da minha vida.
Não tenho a ambição de que tudo seja perfeito. Longe disso. Sei que se seguem tempos de dificuldades. Que é simples agora pintar-nos de cor-de-rosa. Quando ainda há tanto por descobrir. Por dizer. Por partilhar. Mas também sei que transparece aquilo que somos juntos, aos olhos de quem nos vê. Sei que te admiro, e que tenho orgulho de ser tua namorada. Sei que quero transformar-nos em sempre. Para sempre. Porque não me custa assumir que esta é a forma mais genuína de amor que conheço. E que o amor é mesmo assim, independentemente de todos os julgamentos.
Não tenhas dúvidas. Acerca do que sinto. Do quanto te quero comigo. Do quanto isto que temos é especial. Tão especial, que não me faz ficar angustiada. Nem ansiosa. Porque, como te disse no último Domingo, sei que vais voltar. Quero. Reinventar-me. Viver-te. Viver-nos.
Pode ter sido um acaso. Mas aquele acaso que me aborreceu. Foi o melhor que me podia ter acontecido...
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